quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Análise das colunas:

1ª COLUNA - --

A primeira Coluna é a dos Pais de cada Família (Aett) e seu significado é o significado do Aett em questão:

Fehu – A Força Pura do Universo. Energia.

Hagalaz – A Forma do Universo. Matéria.

Tiwaz – A Força Dirigida pela Forma. Vontade.

Veja como Fehu e Hagalaz, aparentemente opostas (o velho debate Matéria x Energia) são transcendidas por Tiwaz.

2ª COLUNA - --

A segunda Coluna é a da Purificação. Aqui o Guerreiro é convidado a aprender a paciência, o aguardar do momento correto para superar as dificuldades e as necessidades. O poder indomado que devemos trazer ao claro para dar a volta por cima.

Uruz – A Força Selvagem, o mar bravio, a paciência da água a bater na rocha até que esta quebre. Adaptabilidade. A Purificação pela Água.

Naudhiz – As Dificuldades, a Necessidade como mãe da Criatividade. O Fogo que dá a Têmpera. A Purificação pelo Fogo.

Berkano – O segredo, o silêncio após a provação, no qual pesamos as lições aprendidas. O gestar de uma nova persona, o renascimento após a purificação. O Recipiente no qual a Purificação é feita.

3ª COLUNA - --

A terceira Coluna é a da Conservação da Unidade. São os três elementos que compõem toda a Unidade:

Thurisaz – o Espinho, o Rompedor, o Troll. A violência liberada que provoca mudança. O Martelo Mjolnir. A Unidade Dinâmica Desagregadora.

Isa – o Gelo, a Estagnação, a Estabilidade, a Ausência de Mudança. A Unidade Imóvel Integrativa.

Ehwaz – o Cavalo, as pessoas de mãos dadas, velocidade e companhia. Mobilidade e integração. A Unidade Dinâmica Integrativa: a transcendência da oposição dos dois princípios anteriores.

4ª COLUNA - --

A quarta Coluna é a da Semente Divina. É o Hidromel da Inspiração e da Intelectualidade, o dom que nos foi concedido por Odin.

Ansuz – O Hidromel sendo derramado sobre os Homens. A Semente Plantada por Odin.

Jera – a Semente germinando...

Mannaz – O Hidromel sendo recebido pelos Homens. O Mago reclamando sua Herança Divina.

5ª COLUNA - --

A quinta Coluna é a das Jornadas Iniciatórias. São as três viagens que o mago realizará:

Raidho – O ritmo, a Harmonia, a Consciência... a Jornada pela mente consciente, explorando os limites de nossa capacidade. A Jornada Solar.

Eihwaz – A Árvore Ygdrasill, os Nove Mundos. A Jornada pela Árvore-Eixo do Multiverso, a descoberta do “lá fora”, dos deuses e trolls e de todos os demais seres. A Jornada Mística.

Laguz – A água, o Inconsciente. A Jornada pela mente inconsciente, explorando nossos sonhos e nossos avisos interiores. A Jornada Aquática.

6ª COLUNA - --

A sexta Coluna é a dos Poderes Ocultos.

Kenaz – O Poder do Homem, a fagulha divina em cada um de nós, que nos torna capazes de mudar o Universo e decidir nosso próprio destino. É O Poder Oculto da Criação, pois é a força que sempre buscamos fora, mas está sempre dentro de nós mesmos.

Perthro – O Poder do Destino, as forças misteriosas e aparentemente incontroláveis do Universo. Que decidem nosso próprio destino. O oposto de Kenaz, sua contraparte necessária. O Poder Oculto do Poço de Wyrd.

Ingwaz – A Ocultação do Poder. O Poder enviado a Lugares Ocultos para germinar e crescer.

Esta Coluna representa o momento em que se lançam nossa própria força e a do universo, não uma contra a outra, mas uma COM a outra. A competição entre os Homem e o Universo pode levar à auto-destruição – no pior dos casos – ou no mínimo à falha do propósito lançado. Levar o universo à realizar Mudanças de acordo com a Vontade não é feito através do Forçar, mas do Fluir.

7ª COLUNA ---

Esta é a Coluna que integra os Deuses e os Seres Humanos.

Gebo – esta runa é a troca de presentes entre Deuses e Homens, a Lealdade entre eles. Ela nos conta sobre como os Deuses nos presentearam com a vida e o dom da inspiração e do intelecto, e como em troca nós lhes prestamos culto, alimentando-os com nossa fé.

Algiz – aqui temos a comunicação entre Deuses e Homens, o subir aos Mundos Superiores (ou às vezes eles descerem para Midgard) para recebermos conselhos e auxílios.

Dagaz – já esta runa nos ensina como os opostos podem se igualar e serem transcendidos. Como os Deuses são também Humanos e como nós próprios somos Divinos, em nossa capacidade de transformar o Universo. Após termos acendido a nossa fagulha divina interior e ter escalado a Árvore do Mundo para nos iniciar nos altos mistérios; enfim, depois de termos aprendido a moldar o Mundo pela nossa Vontade, nos tornamos também Deuses. Esta é a Unidade Transcendente de Deuses e Homens, e este é o Paradoxo Odínico, o motivo do Grande Sacrifício que ele fez na Árvore Ygdrasill.

8ª COLUNA - --

Esta é a Coluna Solar, a Coluna da Vontade.

Wunjo – é a Harmonia da Vontade, a Força Primordial de Mudança do Universo. É quando a Vontade surge, fruto da fagulha divina (ansuz) que surgiu em nós (kenaz), cedida pelos deuses (gebo). É a Vontade Pura.

Sowilo – Após todo o granizo de Hagalaz e as provações de Naudhiz e Isa, o mago sobrevivente tem uma série de iniciações na Árvore da Vida, Ygdrasill, e assim ele consegue dominar a Vontade Mágicka através da Roda Solar. E assim surge a Vontade Triunfante.

Othala – enfim, depois de todas as jornadas, já possuindo o segredo do paradoxo odínico, e tendo dominado a si próprio, o mago retorna a casa e pode enfim prosperar, na Fortaleza de sua Vontade.

Estudo sobre o 3º Aett

O terceiro Aett é a família de Tyr. Enquanto o primeiro (de Frej) representa as Forças Primais do Universo e o segundo (de Hejmdallr) as Formas, a Estrutura do Universo, este terceiro é a União Transcendente entre Força e Forma: a família dos aspectos transcendentes dos principais arquétipos do mundo nórdico.

E assim começa-se com Tiwaz, a runa de Tyr. Como a runa-pai do Aett, ela dá o tom, sintetizando Fehu e Hagalaz na Força dirigida pela Forma. É a runa do Guerreiro Espiritual, do buscador. É o Grande Pai, sempre honrado e leal.

Em seguida temos a Grande Mãe, Berkano. Ela transcende os aspectos de Naudhiz e Uruz, se tornando o recipiente onde ocorre a têmpera das purificações geradas pelas duas runas da segunda coluna. É a runa da gestação, da proteção, do segredo e do renascimento.

Logo depois vem Ehwaz. Dinâmica e Integrativa, une e transcende as runas de sua coluna, Thurisaz e Isa. Em seu aspecto integrativo representa a fé e a lealdade entre as pessoas, enquanto que em seu aspecto dinâmico representa as viagens astrais assim como as personas, o meio de comunicação entre o ser e o mundo. Representa toda a Família Divina.

E assim chegamos a Mannaz. O Ser Humano. É a realização da estrutura divina na humanidade, a transcendência de Ansuz e Jera.

Então temos Laguz, a água, a origem da vida. Enquanto Raidho é a Jornada Solar, pelo consciente e Eihwaz a Jornada Mística pelos mundos, Laguz é a Jornada Aquática pelo inconsciente e pelas emoções. O Instinto Primal. A Vida.

Da água pra a Terra. Ingwaz é o deus Ing, o lugar onde a semente germina, onde as forças ocultas de Kenaz e Perthro são enviadas para serem gestadas e transcendidas.

E a partir daí chegamos ao derradeiro segredo: o Paradoxo Odínico, Dagaz. Homens e Deuses atingem a sua própria Unidade Transcendente. “não há fronteira entre Deuses e Homens, uns se fundem casualmente nos outros”. É a coroa da coluna formada por Gebo e Algiz.

E para encerrar o Futhark, temos Othala, Os Ancestrais. Aquilo que nos foi legado por todos nosso antepassados, sejam coisas físicas ou morais. E esta é a derradeira Fortaleza da Vontade, onde o vencedor de Wunjo e Sowilo descansa.

Othala / Othal / Ethel / Othal

Othala é a Propriedade Ancestral, aquilo que é herdado de seus parentes. Seu desenho pode simbolizar uma fortaleza, ou um cercado, visto de cima. Porém esta runa não implica apenas em riqueza física, mas também os valores espirituais.

Representa também a importância do Kindred (os parentes e amigos) e da sociedade. É a passagem de uma egocentricidade para uma clanocentricidade (relativo ao clã) é uma runa social, coletiva.

Aqui se inclui a vida em família; a ordem entre companheiros; os interesses comuns em casa, na família e na sociedade; o respeito às pessoas mais velhas e às autoridades; e mesmo as regras e valores morais de uma comunidade.

Na divinação geralmente está associada à casa do consulente (tanto família quanto o patrimônio físico), servindo para direcionar a leitura das runas ao redor especificamente a este âmbito.

No terceiro aett está representando a herança ancestral.

Na oitava Coluna é a Fortaleza da Vontade, enquanto Wunjo é a Harmonia da Vontade e Sowilo a Vontade Mágica Triunfante.

No jogo das simetrias está oposta a Fehu. Enquanto Othala é o Poder Imóvel, Fehu é o Poder Móvel.

Do Poema Rúnico:

“Um lar é sempre querido para o Homem

se ele pode lá desfrutar

e prosperar sempre mais.”

Dagaz / Dags / Daeg / Dagr

O dia, começando ao nascer do sol e terminando no nascer do sol seguinte, abarca também a noite. O desenho desta runa representa justamente isto: dois pólos de opostos que se encontram e se transcendem. Também pode ser visto como uma borboleta, a transmutação a partir da transcendência dos opostos. Ou, no conceito dialético, a síntese que brota da tese e antítese. Também representa o machado ritual tradicional celto-germânico.

Operando entre a luz e as trevas, Dagaz sintetiza, transmuta e dissolve todas as oposições.

Na divinação geralmente representa m momento propício para planejar/iniciar um novo projeto.

Na sétima coluna, Dagaz é a Unidade Transcendente entre Deuses e Homens, enquanto Gebo é a Lealdade entre Deuses e Homens e Algiz a Comunicação entre Deuses e Homens.

Do Poema Rúnico:

“Dia, a luz criada pelos Deuses,

amada pelos homens, fonte de esperança e felicidade

para ricos e pobres desfrutarem.”

Ingwaz / Enguz, Iggws / Ing / Ing, Yngvi

Esta é a runa do deus Ing, deus da Terra e da Fertilidade, de quem os Anglos se diziam descendentes, que lhes deu o nome e por tabela batizou a Inglaterra.

Enquanto Jera é a semente germinando, Ingwaz é a Terra onde ela germina. Ingwaz é o recipiente, o lugar calmo e morno onde se desenvolve o nascimento, escondido dos olhos do mundo. Seu desenho representa justamente isso, um lugar fechado, escondido. O próprio nome “Ing” pronunciado passa essa sensação de algo puxado pra dentro, guardado, recebido.

Ingwaz é uma runa passiva e sublimada, “o que contém” enquanto seu oposto simétrico, Thurisaz, é a força direta e agressiva, “o que rompe”.

Em magick é utilizado para concentração e armazenamento do poder mágicko. Também para ritos de fertilidade ligados à terra, e para determinação do “lugar de poder” do mago.

Na divinação geralmente está associado à completude de uma situação, um tempo de integração e gestação, de aparente calma que guarda um processo escondido que terá um nascimento posterior. A natureza desse processo escondido poderá ser revelada pelas demais runas do jogo.

Além de Ing, esta runa é também ligada a Frey, o deus masculino da fertilidade, marido de Frejya, junto à qual forma o casal pai da família dos deuses Vanires, os deuses que alguns historiadores dizem serem dos povos que viviam na Escandinávia antes da chegada dos arianos. Os Vanires são todos ligados à fertilidade e eram cultuados pela grande maioria dos camponeses, enquanto que os deuses Aesires (Odin, Thor e companhia) eram mais cultuados pela nobreza e pelos guerreiros e comerciantes.

No terceiro Aett, Ingwaz é o deus da Terra, Ing.

Na Sexta Coluna, simboliza o Poder enviado a Domínios Ocultos, enquanto Kenaz é o Poder Oculto da Criação e Perthro as Forças Ocultas do poço de Wyrd.

Do Poema Rúnico:

“Ing foi visto nos primeiros tempos entre os Dinamarqueses Orientais

então ele partiu para o oriente, sobre as águas

levando seu carro consigo

e assim foi chamado herói entre os Heardingas”

Laguz, Laukaz / Lagus / Lagu / Lögr, Laukr

Esta é a runa da água. E o simbolismo dela aqui não difere da simbologia ocidental padrão: água continua sendo o reino das emoções, da imaginação e do subconsciente.

Na divinação seu significado depende muito das runas próximas... pode ser um período de turbulência, uma iniciação ou um período de “maré cheia” nas relações afetivas.

Não há muito mais a se dizer dela, uma vez que seu sentido é explícito.

No terceiro Aett, o de Tyr, das transcendências, Laguz é o Poder da Vida.

Na quinta coluna, a das Jornadas Iniciatórias, é a Jornada Aquática, a Jornada pelo Inconsciente; enquanto Raidho é a Jornada Solar, a Jornada pela Consciência; e Eihwaz a Jornada Mística, a Jornada pelos Mundos Exteriores.

No jogo de simetrias é o Aviso Inconsciente, enquanto seu oposto, Ansuz, é a Inspiração Consciente.

Do Poema Rúnico:

“O oceano parece interminável para os homens

quando eles se aventuram em seus barcos

e as ondas os aterrorizam

e o piloto não está atento à direção.”

Mannaz / Manna / Mann / Madhr

Mannaz é o Homem. Seja o Homem enquanto Indivíduo ou enquanto Raça. É a realização da Estrutura Divina na Humanidade, e assim ele se coloca no Terceiro Aett, a Família de Tyr.

Seu desenho pode representar um homem de braços cruzados sobre o peito. Mas também pode ser interpretado como duas runas Wunjo equilibradas uma na outra, e sendo a Wunjo a Unidade da Vontade, a Personalidade Integrada, Mannaz é o equilíbrio entre os pólos da Personalidade. Esotericamente, a interação entre Huggin (pensamento) e Munnin (memória), os dois corvos de Odin.

E assim Mannaz é a mente racional do ser humano. Seu desenvolvimento intelectual e sua existência como co-criador do Universo.

Na divinação representa pessoas em geral, com quem se convive, mas não se é muito próximo... colegas de trabalho ou de escola, vizinhos, o padeiro... enfim, qualquer pessoa em seu círculo de relações. Sejam elas amistosas ou não. E o que vai definir o sentido específico dela (se é um amigo ou inimigo, e o que está por trás) são as runas ao redor.

Pertence à quarta coluna, a coluna da Semente Divina. Ansuz é a Semente sendo plantada por Odin na Humanidade. Jera é a Semente germinando e Mannaz é o Homem colhendo seus Frutos, reclamando sua Herança Divina.

É a Estrutura do Ser Humano, enquanto seu oposto no jogo de simetrias, Raidho, é a Estrutura da Sociedade.

Do Poema Rúnico:

“O homem feliz é querido por seus amigos

ainda que todo homem um dia falhará com seu companheiro.

E assim todo cadáver será entregue à Terra.”

Ehwaz / Aihwz / Eh / Íor

Um Cavalo, é o significado do nome desta runa. Seu desenho , se der uma forçada na imaginação, pode lembrar um. Porém ele está normalmente relacionado a outra face da interpretação da runa: , duas pessoas de mãos dadas. Isso indica os dois pontos principais aos quais esta runa está relacionada: dinamismo/mobilidade e integração.

Na face “cavalo” desta runa, esotericamente ela está ligada às viagens astrais pelo mundo, a projeção do poder mágicko, rapidez e velocidade. Seu desenho também representa o corpo etéreo, a emanação que fica ao redor do corpo humano (mannaz): .

Em seu aspecto psicológico ela é a personalidade, nosso veículo de comunicação entre o interior e o exterior: as personas que cavalgamos no nosso dia-a-dia. Assim também como a habilidade de se ajustar ao meio, a adaptabilidade. Também, por seu aspecto integrativo, é a fé (no sentido de confiança cega) e a lealdade, a parceria, a cooperação, acordos, sociedades, casamentos, trabalho em equipe...

Divinatoriamente seu sentido será melhor definido pelas runas que estiverem próximas.

Ehwaz pertence ao terceiro Aett, o da transcendência, dos arquétipos divinos. É a própria família divina.

E assim, na terceira Coluna, ele transcende Thurisaz, a Unidade Dinâmica Desagregadora, e Isa, a Unidade Imóvel Integrativa... sendo assim a Unidade Dinâmica Integrativa.

Nas simetrias está oposta a Kenaz. Enquanto esta é a habilidade técnica pessoal e individual, Ehwaz é o conjunto das habilidades fortalecidas em um trabalho em equipe.

Do Poema Rúnico:

“Um cavalo é o prazer de um príncipe quando à frente de seus guerreiros.

Quando um homem rico montado fala sobre

seu cavalo de batalha, orgulhoso de seus cascos.

É sempre um descanso para aqueles que andaram demais e tem que continuar viajando.”

Berkano / Baírcan / Beorc / Bjarkan

Esta é a runa da Grande Mãe, dos seios fartos que amamentam. É a segunda runa do terceiro Aett.

A runa da gestação, do nascimento, do segredo, encobrimento e proteção. Especialmente proteção às crianças, às crias. O aspecto maternal da deusa Frigg, esposa de Odin. Fertilidade mental, física e pessoal.

Na magick rúnica, é muito utilizada para curar problemas de saúde em mulheres, e para todo e qualquer processo de gestação e nascimento (de idéias, projetos, seres...) e renascimento espiritual.

Na divinação, pode ser algum evento familiar (como um casamento ou nascimento, por exemplo), ou o bom resultado da questão levantada pelo consulente. É uma runa de boa sorte.

Como um algo que contém e mantém, ela participa da segunda coluna, como o recipiente onde ocorre a purificação, seja ela pelo fogo (Naudhiz) ou pela água (Uruz).

É a Recepção e Retenção, o crescimento através da gestação, e assim ela se opõe, no jogo das simetrias, a Gebo, que é a Troca Mútua, o crescimento através da interação.

Do Poema Rúnico:

“o álamo não produz frutos, mas ainda assim atrai insetos sugadores

com a seiva produzida por suas folhas.

Esplêndidos são seus galhos, e é gloriosamente adornada

sua alta coroa que toca os céus”.

Tiwaz / Teiws / Tir / Týr

Esta Runa é a inicial do Terceiro Aett, a Família de Tyr. Esta família é a unidade transcendente entre as forças do primeiro Aett e as formas do segundo. Esta é a runa do deus Tyr, o deus da guerra, da justiça e do auto-sacrifício. E assim como Fehu é a Força Universal e Hagalaz a Forma Universal, Tywaz, encerrando a primeira coluna, é a Força Dirigida pela Forma, como demonstra seu desenho , uma lança erguida, uma força direcionada, uma seta perseguindo seu alvo, um vetor ascendente.

É a runa do Guerreiro Espiritual: da Honra, Fidelidade, Auto-Sacrifício, Liderança, Autoridade, Racionalidade e Individualidade Do Pensamento. Vontade.

Na divinação geralmente está relacionada a sucesso, justiça, problemas legais, conflitos e confrontos que devem ser encarados com bravura e a presença de forças afirmativas à disposição do consulente, e onde elas devem ser empregadas (neste caso em associação com outras runas).

Na simetria está oposta a Wunjo, que é a Harmonia Social conquistada através do Amor, enquanto Tiwaz é a Harmonia Social conquistada através da Lei.

Do Poema Rúnico:

“Tyr é uma estrela-guia. Bem faz o príncipe ao confiar nela:

está sempre no seu curso, sobre as brumas da noite, e nunca falha.”

sábado, 1 de novembro de 2008

Estudo sobre o 2º Aett

Se o Aett de Frey era sobre as forças do universo, o de Hejmdallr é sobre a Estrutura do mesmo, sobre suas leis e como ele está constituído.
Primeiramente temos a runa Hagalaz, que abre o Aett com maestria, demonstrando que o Universo ao mesmo tempo que protege, destrói, e que esta tensão é justamente o que o mantém vivo. É o primeiro segredo. Não há Bem ou Mal puros, eles estão sempre misturados, sempre em equilíbrio, balançando pra lá e pra cá.
E então vêm Naudhiz e Isa, o Fogo e o Gelo. Muspelheim e Niflheim, os dois pólos energéticos do Universo. Dinamismo Destrutivo e Estabilidade Conservadora. E destes dois princípios (nos quais o Vazio Original se havia dividido) surge a semente, Jera. Este é o segundo segredo: todo brotar surge do equilíbrio tensionado entre dinamismo e estabilidade. Depois do inverno sempre surge a primavera.
Então eis que surge Eihwaz. Quando o mundo se equilibrou em seus dois pólos, germinou a árvore-eixo: Ygdrasill, e nela criaram-se os Nove Mundos. Este é o terceiro segredo: o segredo da viagem entre os mundos e o conhecimento dos seres não-humanos.
Porém em uma das raízes da árvore Ygdrasill há um poço. Este poço é guardado pelas nornas, e é conhecido como Poço de Urd, ou Ørlog, ou Wyrd. É o destino, mas não como conhecido no ocidente. Ele pode ser manipulado, e esse é o quarto segredo, o mistério mais bem guardado de todos. Assim Perthro é a runa das runas, o mistério dos mistérios. Quem conseguir tomar um gole daquele poço terá o mundo em suas mãos. Este é o Elemento-Fractal das runas.
Ainda na mesma árvore há duas outras fontes. E o conjunto das Três Fontes, de Urd, Mimir e Hvergelmir a irrigam. E é isso que mantém a árvore viva e assim permite que se sustente a ponte Bifrost, permitindo que Algiz surja, para a comunicação entre os mundos. O quinto segredo, o de que os deuses são nossos parentes. De que entre nós há uma relação de troca mútua.
E aqui surge finalmente o sexto segredo, o derradeiro desta família: em Sowilo descobre-se que o equilíbrio tensionado de Hagalaz (do Universo) pode ser influenciado por nossa vontade. Nós temos nosso próprio papel a cumprir no moldar da Forma Universal.

Pois sim. No sentido macrocósmico o primeiro aett é o das forças e o segundo das formas universais. No sentido microcósmico o primeiro é das forças que devemos desenvolver e o segundo dos segredos que devemos descobrir. Com nosso poder desperto e com a compreensão da estrutura do Universo, podemos encarar o terceiro aett, o de Tyr.

Sowilo / Saugil / Sigil / Sol

O Sol. Este é o símbolo desta runa, um símbolo puro e quase que auto-ilustrativo. Seu desenho , assim como o da runa Jera, está ligado à roda solar através da suástica , que é justamente a união de duas Sowilos.
Na Magick, esta runa é usada para fortalecimento dos centros psíquicos, aumento da vontade espiritual, orientação, iluminação e vitória.
Na divinação significa que qualquer dificuldade será superada. É geralmente um bom auspício ela aparecer em sua leitura, ela ilumina tudo que toca.
É a runa que fecha o segundo Aett, o domínio da vontade mágica através da roda do sol.
E justamente por ser a Vontade Triunfante, ela está na oitava coluna, junto com Wunjo, a Harmonia e Unidade da Vontade e Othala, a Fortaleza da Vontade.
É uma Força Móvel: a Vontade Individual, que é oposta, no jogo de simetrias, a Hagalaz, a Forma Imóvel, a Estrutura Universal.

Do Poema Rúnico:
“o sol traz sempre alegria para os marinheiros
quando eles vagam sobre o banho dos peixes
e ele, o que mostra o caminho, os leva para terra.”

Algiz / Algis / Eolh / Elhaz

Algiz/Elhaz é uma runa com dois nomes. Um significa Alce (um mamífero das terras nórdicas, portador de uma galhada grande e poderosa) e o outro Freixo (uma árvore grande e forte, que algumas fontes dizem ser a árvore-eixo do mundo, Ygdrasill). Em algumas fontes ela é chamada de Ihwaz, o mesmo nome atribuído à runa Eihwaz em outras fontes, o que gera muitas confusões. Seu desenho sustenta ambas idéias, podendo ser interpretado tanto quanto uma galhada quanto uma árvore. Mas de qualquer forma seu significado básico é proteção, o que a diferencia de Eihwaz.
Como sua quase-homônima, Elhaz está relacionada com a comunicação com outros mundos, porém geralmente apenas os mundos superiores, e geralmente Aesgaard. Às vezes também está conectada com as três fontes que irrigam Ygdrasill: a fonte de Urd, localizada em Aesgaard e guardada pelas três nornas: Urd, Skuld e Verdandi, as três tecelãs do destino. A outra é a fonte de Mimir, localizada em Jotunheim e guardada pelo gigante Mimir, que dizem ser o mais inteligente do multiverso, pois que ele bebe quotidianamente de seu poço, que é a fonte da sabedoria. Conta a lenda que Odin deu seu próprio olho direito em troca de um gole da água desse poço. A terceira fonte, chamada Hvergelmir, está em Niflheimr e é guardada pelo dragão Nídhögg.
É uma runa de canalização de energia entre os deuses e homens, diferentemente de Eihwaz, que é uma runa de viagem entre os mundos.
Na magick Algiz está mais associada a conjurações de proteção e de premonição contra situações ameaçadoras que possam aparecer. Tanto que no norte da europa alguns campônios ainda utilizam o velho sinal dos três dedos estendidos contra o mal, fazendo sem saber o desenho desta runa.
No jogo de simetrias está oposta a Naudhiz. Enquanto Algiz é a aceitação e atração das bênçãos divinas, através da canalização da energia dos mundos superiores, Naudhiz é a Resistência e Auto-suficiência.
Algiz está colocada na sétima coluna, sendo a comunicação entre Deuses e Homens, enquanto Gebo é a lealdade entre Deuses e Homens e Dagaz a unidade transcendente entre Deuses e Homens.
Algiz pertence ao segundo Aett, o de Heimdaller. Neste Aett ela representa a Comunhão com os Deuses.

Do Poema Rúnico:
“O Freixo é normalmente encontrado nos pântanos
ele cresce na água e abre uma ferida estonteante
cobrindo com sangue qualquer guerreiro que tocá-la.”

Perthro / Pairthra / Peordh

Perthro significa literalmente “Taça Cheia”, porém tem também o significado ambíguo de “Vagina”. E seu desenho é exatamente isso.
Esta runa é o Útero Cósmico, de onde surgem todas as coisas. É o poço profundo do poder feminino. A intuição e a fertilidade em seu aspecto fêmeo. A experiência da iniciação, o passar por um túnel escuro, estreito e úmido, através do qual descobrimos um mundo novo.
Psicologicamente esta runa está ligada a talentos não manifestos, habilidades latentes herdadas dos ancestrais.
Ela é o poço do Ørlog, a força misteriosa do destino. Não o destino fatalista do conceito ocidental, porém um destino que pode ser cavalgado, como nos mostra a runa Raidho, porém que jamais poderá ser compreendido. A lei nórnica (as três nornes, Urd, Skuld e Verdandi... as três deusas que tecem o destino) da teia do tempo.
“Nenhum homem pode saber o futuro. Assim permite-se que durmam em paz” diz o Havamál, em seu versículo 56.
Em magick pode ser bastante utilizado para iniciação nos mistérios do destino, ou nos mistérios femininos. É também utilizada para estimular a fertilidade feminina.
Na divinação, como resposta a uma pergunta direta, pode significar que o consulente ainda não está preparado para saber a resposta, ou que ela não está à disposição no momento, ou ainda que o consulente desconhece mais coisas a respeito do assunto do que ele mesmo imagina.
Enquanto Perthro é a evolução e criação, seu par simétrico oposto, Isa, é a contração e a imobilidade.
Na sexta coluna, Perthro representa o poder oculto do poço de Wyrd/Ørlog; enquanto Kenaz é o poder oculto da criação e Ingwaz o poder enviado a domínios ocultos.
Perthro pertence ao segundo Aett, onde representa a habilidade de usar e compreender as forças do Ørlog.

Do Poema Rúnico:
“Uma taça cheia é fonte de recreação e divertimento para os grandes,
quando guerreiros jovialmente sentam-se juntos no salão de festas.”


Eihwaz / Eihwas / Éoh, Eoe / Ihwaz

Esta runa é Ygdrasill, a Árvore-Eixo do Mundo. Seu nome significa Freixo, que é a espécie que alguns dizem ser a Ygdrasill.
Seu desenho representa justamente o mesmo que sua árvore símbolo: a conexão entre os mundos superiores e inferiores, entre todos os Nove Mundos.
E assim ela é a viagem do Mago por todo o Multiverso e o conhecimento adquirido na viagem.
Ao contrário de Jera, que é a evolução gradativa em espiral, a órbita, Eihwaz é a iluminação vertical e imediata, o eixo.
Uma das interpretações desta runa diz que ela pode gerar memórias de existências passadas na corrente ancestral. Não de vidas passadas, veja bem, mas sim das memórias de nossos ancestrais.
Na divinação ela geralmente significa um “vá em frente” em questões de dúvidas. Simboliza riscos que devem ser encarados. Indica que o alvo do consulente é razoável e ele pode alcançá-lo. Mas negativamente também pode demonstrar um momento de indecisão, de conflito de emoções que precisam ser sintetizadas e transcendidas. Nesse sentido é a dúvida na escolha de qual caminho seguir.
Eihwaz pertence ao segundo Aett, e representa a subida por Ygdrasill para iniciação nos Nove Mundos.
Também faz parte da 5ª Coluna, a Coluna das Jornadas. Enquanto Eihwaz é a Jornada Mística, Raidho é a Jornada Solar e Laguz a Jornada Aquática.

Do Poema Rúnico:
“O Freixo é uma árvore de casca grossa
dura e rápida sob a terra, suportada por suas raízes
uma guardiã da chama, prazer em um Estado.”

Jera / Jér / Gér / Ar






Jera significa “ano” (reparar na semelhança com “year” do Inglês Moderno). Nisso já se percebe parte da sua simbologia: a estrutura cíclica do tempo e do próprio Multiverso. É o curso do sol em um ano.
Seu desenho é uma estilização da suástica , que em si é uma representação da Roda Solar . É o símbolo do desenvolvimento espiral e gradativo (ao contrário de Eihwaz, seu oposto simétrico no Futhark, que é a Iluminação Vertical e Instantânea).
Normalmente representa também a Primavera que vem logo após o Inverno de Isa. Ou seja, aquilo que surge após a estagnação: a fertilidade, criatividade, iluminação...
Jera pertence ao segundo Aett, no qual desempenha o papel do Crescimento da Semente do Poder.
E na 4ª Coluna, Jera é o Crescimento da Semente na Humanidade; semente essa que foi plantada por Odin em Ansuz e cujos frutos serão reclamados pelo Mago em Mannaz.

Do Poema Rúnico:
“verão é um prazer para os homens, quando os Deuses
sujeitam a Terra a apresentar frutas brilhantes
tanto para os ricos quanto para os pobres.”

Isa / Eis / Is / Iss


Isa, “Ice” em Inglês Moderno. Gelo. Seu desenho é uma superfície lisa, congelada, uniforme, sem contrastes.
E é por aí que caminha a interpretação desta runa. Contração/Redução/Parada das Forças Dinâmicas. Princípio da Preservação e da Resistência à Mudança. Preservar as coisas como elas são.
Bloqueios, condicionamentos, concentração e densidade.
Cristalização do Espírito na Matéria.
Divinatoriamente, geralmente representa uma influência frustrante. Significa que a questão levantada não terá evolução, mas ficará estagnada durante algum tempo (a tradição costuma dar o período de três meses – uma estação – para esse período). Um tempo para se fechar e simplesmente esperar, como uma semente no inverno.
Em seus pontos positivos, é a Concentração da Vontade, a Integração do Ego. A habilidade de sobreviver em condições adversas.
Seu papel no 2º Aett é o Despertar do Gelo da Consciência.
Pertencendo à terceira Coluna, é a Unidade Imóvel e Integrativa, que se equilibra com a Unidade Móvel e Desagregadora (Thurisaz) e a Unidade Móvel Integrativa (Ehwaz).
No jogo das simetrias, é a Contração e Imobilidade, oposta a Perthro, que significa Evolução Interativa.

Do Poema Rúnico:
“Gelo é muito frio e incomensuravelmente escorregadio
ele brilha tão transparente como vidro e é semelhante a pedras preciosas
é um piso feito pelo congelamento, belo de se olhar.”

Naudhiz / Nauths / Nýd / Naudhr


A segunda runa da Família de Hejmdallr é Naudhiz, o Despertar do Fogo Interno.
Seu nome significa Necessidade (“Need”, no Inglês Moderno, “Nýd” no Saxão Antigo e “Naudhr” no Nórdico Clássico).
E é justamente Necessidade o que ela significa. Um período de problemas, de crises e conflitos, que pede por soluções inovadoras e criativas.
Os medos, angústias e resistências, e suas superações. Esta runa é uma espécie de auto-iniciação superior.
A purificação pelo fogo, como está colocada na segunda Coluna, junto com Uruz (a purificação pela água) e Berkano (o recipiente onde a purificação é feita).
No jogo das simetrias Naudhiz é Resistência e Auto-Suficiência, oposta a Algiz, que é a Aceitação e Atração das Bênçãos Divinas.
Seu desenho simboliza justamente uma barreira no caminho... barreira essa que é quebrada pela força da vontade do mago, por sua capacidade de inovação e superação dos próprios limites.

Do Poema Rúnico:
“Problemas são opressivos ao coração,
apesar de que repetidamente eles se provam fonte de ajuda e salvação
aos filhos dos homens, a qualquer um que necessite delas de vez em quando.”

Hagalaz / Hagl / Haegl / Hagall

Esta é a runa do deus Hejmdallr. O deus guardião da ponte Bifrost. Por isso seu uso freqüente como runa de proteção. Isso é corroborado pelo fato de seu nome significar “Heill”, ou seja, uma benção, um “salve”.
Seu desenho , porém, refere outro de seus principais significados: a estrutura do universo. No desenho temos uma coluna sustentando a outra, através de uma terceira coluna, que é quase perpendicular. Este pequeno detalhe mostra que o equilíbrio não é exatamente “justo”, mas sim propenso a uma boa dose de aleatoriedade.
E é justamente nesta aleatoriedade que repousa a terceira e mais tradicional interpretação de Hagalaz: as forças naturais destrutivas, incontroláveis e imprevisíveis. Especialmente as ligadas ao clima.
Então, ao mesmo tempo que representa um equilíbrio, Hagalaz representa, na outra mão, justamente as medidas aparentemente cruéis que sustentam este equilíbrio. Ao mesmo tempo que é proteção, é destruição. É o Universo.
Na divinação pode ser interpretado como forças do passado (lições não aprendidas, problemas não resolvidos, memórias sufocadas...) que comprometem os padrões do presente, atuando de maneira negativa.
Num sentido mais esotérico, pode ser encarado como uma espécie de teste, de prova, que fornece uma têmpera ao construto humano: a vida. Uma espécie de crise controlada, que leva à harmonia.
Hagalaz é a runa inicial do 2º Aett. A família de Hejmdallr, que está intimamente ligada à estrutura da vida, do universo e tudo o mais. É a formação do Multiverso e os instrumentos de sua compreensão e do trânsito pelos setores mais altos da consciência. E nesta família, Hagalaz é justamente a Compreensão da Estrutura do Universo.
Hagalaz pertence à primeira coluna, a coluna das origens de cada família, que dá o sentido a elas. Enquanto esta runa é a Forma, a Estrutura, Fehu é a Força e Tyr a Força Dirigida pela Forma.
Nas simetrias, Hagalaz (a forma imóvel, a estrutura universal) está oposta a Sowilo (a forma móvel, a vontade individual).

Do Poema Rúnico:
“‘Hail’ é o grão mais branco de todos
que desce rodopiando das abóbadas celestes
e é arremessado por aí, pelas rajadas de vento
e então se transforma em água.”

Estudo sobre o 1º Aett

O primeiro Aett é também conhecido como A Família de Frej, ou às vezes de Frejya.
É uma Aett de pura Força, de Energias. Da Força Pura (Fehu), passando pela Força Indomada, Potencial (Uruz), a Força Dinâmica (Thurisaz), a Força Divina (Ansuz), a Força Rítmica, Harmonizadora (Raidho), a Força Humana Interior (Kenaz), a Força gerada pela Troca e pelo Sacrifício (Gebo) e a Força da Completude, do Êxtase Puro (Wunjo).
Também é, num sentido mais esotérico, um resumo da história da criação do mundo segundo a cultura Nórdica. Explico-me:
Primeiramente existia a Força Pura Universal (Fehu), o vácuo original chamado Ginungagap.

Foi nos tempos primeiros, quando nada havia:
nem areia nem mar, nem as frias ondas;
terra não havia, nem o alto céu,
apenas o abismo vazio, Ginungagap.
(Völluspa, 3)

Então Ginungagap, o Vazio Primordial, se dividiu em dois: Niflheim e Muspelheim: as terras do Gelo e do Fogo, respectivamente, e começou a Formação (Uruz) do mundo.
Lembrando que Uruz é a vaca Audumla, aquela que, lambendo o gelo salgado formou Brúni, o avô de Odin. E além disso ela também alimentou Ymir, o primeiro gigante, com seu leite.
E de Ymir veio a estirpe dos Gigantes/Trolls/Thurses (Thurisaz), que começaram a povoar o mundo, ainda vazio e sem forma.
Porém de Brúni nasceu Bur e de Bur nasceram Odin, Vili e Vê, os primeiros Deuses. Eles se juntaram e mataram Ymir, e com seu corpo criaram Midgard, o nosso mundo.
E foi assim que a Emanação Divina (Ansuz) trouxe a Harmonia e o Ritmo (Raidho), ao criar o sol e a lua e colocá-las lá para reger o tempo, e ao expulsar os gigantes das Terras Superiores (Midgard e os Quatro Reinos dos Deuses – Aesgaard e Vanaheim -, dos Elfos – Ljóssálfheimr – e dos Anões – Swartálfheimr).
Assim, quando o mundo estava já tranqüilo os Deuses resolveram criar o Homem (Kenaz), colocando nele uma parte de sua Fagulha Divina e dando-lhes bênçãos e dons em troca de louvores (Gebo).
E assim se completou e integrou (Wunjo) a Criação, cuja estrutura e cujas leis serão desveladas no segundo Aett, o de Hejmdallr.
Há ainda uma terceira apreciação deste Aett: como ele é sobre Forças num sentido macrocósmico, também pode ser as Forças num sentido microcósmico: as Forças que um Mago precisa desenvolver em si próprio:
Fehu é a Força Mágica, o primeiro despertar para o potencial; o nascimento e o germinar da Vontade. É o Saber-Que-Se-Pode.
Uruz é o Poder de Formação. Assim que sabemos que podemos, começamos a moldar os potenciais em alguma coisa.
E assim surgem as primeiras dificuldades, os primeiros espinhos no caminho, Thurisaz. E com eles a Força Dinâmica que temos que desenvolver para superá-los, a capacidade de destruir modelos que não servem mais e criar outros.
Então começamos a buscar a ajuda dos Mestres, dos Deuses. E com Ansuz eles nos iluminam, irradiando Inspiração.
Com a ajuda dos Deuses, começamos a entrar em harmonia com o Universo, descobrindo seu Ritmo e o nosso próprio. Raidho.
Então surge Kenaz, a nossa luz interior que começa a brilhar cada vez mais forte, conforme desenvolvemos o Controle sobre as Energias e a Sabedoria em sua aplicação.
Quando chegamos nesse estado, Wunjo, o Êxtase Puro e Divino, toma conta de nós, e então desenvolvemos nossa Personalidade Integrada.

Wunjo / Winju / Wynn / Vend

Win, em inglês moderno, quer dizer “vitória”. Mas o significado mais preciso desta runa é “prazer”.
Alegria, Harmonia, Companhia, Amizade, Felicidade, Bem-Estar, Prosperidade, Êxtase, Glória, Sucesso, Reconhecimento, Conforto... estas são as palavras-chave para Wunjo.
Ela mostra a face Oski de Odin, O Realizador de Desejos.
Em magick rúnica, ela é usada para um “acabamento”, para “amarrar” as runas utilizadas, reforçando-as.
No jogo das simetrias, está oposta a Tiwaz. Uma é a harmonia social conquistada através do amor, a outra a harmonia social conquistada através da lei.
Nas colunas, pertence à oitava, a Coluna da Vontade. Wunjo é a Harmonia e Unidade da Vontade. Sowilo a Vontade Mágicka Triunfante e Harmonia do Ser. Othala a Fortaleza da Vontade.
Wunjo é também a runa final da Família de Frey, que é a família dos poderes e habilidades que o mago deve desenvolver em si próprio. É a runa da Personalidade Integrada, o último dos poderes.

Do Poema Rúnico:
“Bênção é apreciada por aquele que não conhece sofrimento, tristeza ou ansiedade
e tem felicidade, prosperidade e uma casa suficientemente grande.”

Gebo / Giba / Gyfu / Gipt


Gebo é uma runa de troca, de dar-e-receber. Seu nome em Old Norse significa “presente/dádiva”, é a ancestral do inglês moderno “Gift”.
Com esse significado, muito bem expresso em seu desenho (duas retas que se cruzam), esta runa está relacionada a todo tipo de acordos, contratos e matrimônios, ou qualquer tipo de troca entre indivíduos e conciliações de forças opostas.
No seu sentido mais esotérico, ela representa as trocas entre nós (humanos) e nossos parentes (os deuses). Os presentes que os deuses nos dão (bênçãos, dons) e os presentes que nós lhes damos (lealdade, devoção) em retorno. Representa a relação de parentes que devemos ter com os deuses. Eles são nossos primos mais velhos, não nossos senhores (no sentido original e puro do termo, senhores/donos de escravos/servos).
Também representa o sacrifício, em uma outra linha de interpretação. O sacrifício voluntário, o oferecimento... neste sentido ela anda junto com a carta O Pendurado/Enforcado do Tarot, durante um pequeno trecho.
Esta runa, por sua habilidade de união, harmonia e conciliação, é muito utilizada para magias de amor.
Gebo pertence ao 1º Aett, a família de Frey, sendo a Habilidade em Dar e Receber Poder, uma das habilidades que o mago deve desenvolver.
Também pertence à 7ª Coluna, sendo a Lealdade entre Homens e Deuses, enquanto que Algiz é a Comunicação entre Homens e Deuses e Dagaz a Unidade Transcendente entre Homens e Deuses.
No jogo de simetrias, é oposta a Berkano. Enquanto a primeira representa a troca mútua, o crescimento através da interação; Berkano representa a recepção e retenção, o crescimento através da gestação.

Do Poema Rúnico:
“Generosidade traz crédito e honra, que sustentam a dignidade de um homem.
Ela fornece ajuda e subsistência
Para os falidos, os privados de qualquer outra coisa.”

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Kenaz / Kusma / Cén / Kaun

Repare na semelhança entre o Nórdico Clássico “Kaun” (pronuncia-se “Kôun”) e o inglês moderno “Know”. A partir daí se desenvolve o sentido desta runa. Mas além de “conhecimento”, ela também significa “tocha” e “farol”.
Seu desenho é a irradiação luminosa de uma tocha/farol. Não é uma luz que vem de cima, mas sim do próprio mundo. É a luz interior do ser humano, as habilidades e as técnicas. Esta é uma runa primordialmente mercurial.
Ela mostra o homem como descendente dos deuses, portador de sua própria luz e capaz de iluminar Midgard, o mundo físico. Mostra também a responsabilidade de se passar a tocha adiante. Assim ela se torna os processos de Ensino e Aprendizado, e nessa face ela se encontra na reunião de kins (“parentes”, irmãos de sangue ou de armas) no kindred (“tribo”, grupo sócio-cultural). Porém apesar disso ela ainda é essencialmente individual, cada um carregando sua pequena tocha.
O poder de criar a própria realidade, o poder da luz. Clareza de pensamentos, consciência do eu interior.
Na divinação, é a abertura de novas opções, ou o clareamento do caminho trilhado, afastamento da dúvida e do medo.
No jogo de simetrias, Kenaz é oposta a Ehwaz. Enquanto a primeira é o controle adquirido através da habilidade e da técnica, a segunda é o controle adquirido através da união e da confiança mútua.
No 1º Aett, a família de Frey, Kenaz representa o Controle das Energias, assim como a Sabedoria em sua aplicação. É um dos poderes que o mago deve desenvolver em si mesmo.
Kenaz pertence à sexta Coluna, que é a das forças e dos lugares ocultos. É o poder oculto da criação, enquanto Perthro representa as forças ocultas do poço de Wyrd e Ingwaz o poder enviado a domínios ocultos para o benefício da criação.
Interessante isso de que a luz seja o poder oculto da criação. Mas isso só é oculto porque as pessoas não querem ver. Dá-se crédito demais a um Deus lá encima e de menos a nós mesmos. Quem descobre este segredo se torna um Mago. O poder oculto da criação somos nós mesmos e nossas ações, enquanto olhamos as estrelas à sua procura.

Do Poema Rúnico:
“A tocha é conhecida pelos homens vivos
por sua chama fraca e brilhante.
Ela está sempre acesa quando jovens se reúnem.”

Raidho / Raidha / Rádh / Reidh

Raidho, na língua antiga, tem dois sentidos básicos: Cavalgar (que dá origem ao inglês to ride) e Carro/Carroça. Os dois têm ligação com viagens... e é por aí que vai esta runa. Seu desenho , se girado, , lembra justamente a forma de uma carroça.
Mas não apenas isto... como no cavalgar, Raidho implica em ritmo. Não qualquer movimento, mas o movimento rítmico, harmônico.
E no sentido de ritmo, ela leva ao equilíbrio entre o ritmo pessoal (interno) e o ritmo do ambiente (externo). Isso nos leva à velha relação Liberdade versus Responsabilidade. Raidho é a runa de nossa convivência com os outros. É a runa do ideal da sociedade Viking, onde todos assuntos de interesse do vilarejo eram discutidos e decididos na Althing (ou, simplesmente, Thing) em democracia direta. Sendo cada um responsável pelo seu próprio caminho na vida, dirigindo o destino e sendo levado por ele – como um cavaleiro em seu cavalo.
É a Jornada Solar, a viagem pelos limites de sua consciência, para melhor conhecer esses limites e assim superá-los.
Raidho pertence ao primeiro Aettyr, a família de Frey. Dentre todos os poderes que o mago deve desenvolver em si, ela representa o Ritmo/Harmonia.
No jogo de simetrias, é oposta a Mannaz. Enquanto Raidho representa a estrutura da sociedade, Mannaz representa a estrutura do ser humano em sua individualidade.
Raidho pertence à quarta coluna, que é a Coluna das Jornadas. Enquanto esta é a Jornada Solar, Eihwaz é a Jornada Mística e Laguz a Jornada Aquática.

Do Poema Rúnico:
“Cavalgar parece fácil para as pessoas, quando estão em casa
e é bastante audaz aquele que atravessa as estradas
montado em um robusto cavalo.”

Ansuz / Ansus / Ós / Áss

Esta runa remete ao divino já pelo nome. Os Ases, os Aesires, os deuses... e entre eles um especial: Odin.
O desenho da runa simboliza a irradiação/emanação divina. Mais especificamente, a inspiração e a inteligência.
Segundo a lenda, quando os deuses criaram o ser humano, Odin foi o responsável por nos dar os dons de pensar e de sentir. Ele nos deu o êxtase, a poesia, a linguagem, as runas. No Skáldskaparmál (discurso para a preparação de um poeta) é contado como o Alfather transformou-se em uma águia e derramou o hidromel sagrado sobre os humanos, compartilhando assim com eles (nós) o poder da criação, do conhecimento e da imaginação.
Por isso ele é conhecido entre nosso povo (os seres humanos) como Odhinn – aquele que dá o Ódh (que é tudo isto que eu tenho falado até agora). Mas este é apenas um entre muitos nomes que ele tem. Outros são Alfathir/Alföthr/Alfather (pai de todos), Valföthr (pai dos escolhidos/enforcados), Hár (Altíssimo), Grímnir/Grimlord (senhor das máscaras, dos disfarces), Oski (o realizador de desejos), entre muitíssimos outros. Doze nomes ele tinha apenas em Aesgaard, mais outros tantos em cada canto durante todas suas viagens.
O interessante é o modo com que os nórdicos amarraram conhecimento e êxtase em uma coisa só, colocando-o como sagrado.
Divinatoriamente falando, esta runa pode ser interpretada como uma bênção ligada à fé ou à esperança. Também como criatividade.
Ansuz pertence à Família de Frey, a dos poderes que o mago deve desenvolver em si próprio, e nela ela é a Inspiração.
No jogo das simetrias, ela é a Inspiração Consciente, Solar, oposta à runa Laguz, o Inconsciente, Lunar.
Ela está na 4ª Coluna. A Coluna da Semente do Divino no Humano. Nela, Ansuz é a Semente, plantada por Odin. Jera é o crescimento da Semente entre a Humanidade. E finalmente Mannaz é o Homem Colhendo os frutos, sua Herança Divina.

Do Poema Rúnico:
“A boca é a origem de toda a linguagem
um pilar de sabedoria e um conforto para os sábios
uma bênção e um prazer para qualquer um.”