É quase praxe na maioria das comunidades sobre runas hoje dizer que para utilizá-las não é necessário seguir/conhecer a mitologia e o misticismo nórdicos. Oras. Mas isso é um disparate!!!
Isso reflete a grande incompreensão reinante sobre o que são e o que significam as Runas. Elas não são só um monte de letrinhas que podem ser usadas para adivinhar o futuro, como pretendem muitos (inclusive utilizá-las para ler o futuro era mesmo uma prática não muito recomendada pelos primeiros textos rúnicos de que se tem notícia... “Nenhum homem pode saber o futuro. É assim que se permite que durmam tranqüilos”, dizia o Havamál). Não, elas são mais que isso: elas são um Mapa do Universo, codificado em um alfabeto, da mesma forma que os judeus codificaram o seu no hebraico e os hindus no sânscrito (alguém lembra do poder da sílaba “ohm”?). Esse mapa foi criado por um povo específico, os nórdicos, e reflete sua estrutura de pensamento. Cada runa, cada pequeno sussurro/mistério (“run” em nórdico clássico significa tanto sussurro quanto mistério ou segredo) é um pequeno arquétipo dessa cultura, um pequeno grande feixe de energia arquetípica condensada.
Se você tentar entender as runas ignorando sua egrégora, sua bagagem cultural, elas poderão até funcionar em aspectos pontuais, mas você certamente perderá a big picture, deixará de captar o principal da coisa.
Runas são, antes de mais nada, uma ferramenta de auto-conhecimento e de auto-iniciação. Uma ferramenta para compreender a si mesmo e a partir disso o universo. “conhece a ti mesmo” é mais que uma frase de efeito gravada em um templo antigo. E essa ferramenta foi forjada de acordo com certos padrões. Se você não se encaixa nesses padrões, a ferramenta não encaixará em você, assim como uma chave Phillips não encaixará em um rebite ou uma chave inglesa em um parafuso de computador.
Dentro do Futhark cada runa combina com as que estão ao redor, formando um mapa, uma história, um quebra-cabeça... varia com o modo como você olhar. Existem diversos ângulos, mas todos eles possuem o mesmo coração: o coração do mercador-guerreiro nórdico, que vive em meio ao gelo, as rochas e o mar, que dá cada passo sempre entre o céu e o inferno, ignorando os dois abismos que se abrem ao lado da navalha. O Mago Rúnico está sempre cavalgando o paradoxo, e o Futhark está estruturado de modo a demonstrar isso.
Existem dezenas de ferramentas como as Runas. O I-ching e o Tarot são apenas dois outros exemplos, um baseado no taoísmo, outro no judaísmo ou no hermetismo, dependendo da vertente. E se você preferir pode até criar o seu próprio (e se for feito com o coração, pode ter certeza que vai funcionar!).
Portanto, se você não gosta do misticismo nórdico, ou não se interessa, ou acha que não é para você... larga mão de ser besta e deixe as runas de lado, e vá procurar outra ferramenta que tenha o teu número! Ou melhor ainda: crie a tua própria!!!
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